Monday, April 7, 2014

Século XIX

O Romantismo teve inicio no Brasil em 1836. Foi o primeiro movimento artístico brasileiro, e aconteceu após alguns anos de nossa independência. por isso, era evitada ao máximo a comparação e imitação com o português. Algumas características: subjetivismo, individualismo, sentimentalismo. O livro qual iremos analisar é Iracema, escrito por José de Alencar. 

A obra é escrita na terceira pessoa, ocorre na colonização do Brasil, no Ceará, em 1608, e possuí um narrador observador. Ele conta a história do ponto de vista de Iracema, privilegiando assim, seus sentimentos. Iracema possui o estilo indianista, utilizando de características como o índio sendo o herói, o amor platônico, o nativismo, o senso de pátria. A verossimilhança é a relação que se estabelece entre a realidade e Iracema sobre a colonização do Brasil. Os brancos europeus são representados por Martim.

            A história do livro começa com o final, onde logo após a morte de Iracema, seu filho e seu esposo (Moacir e Martim) voltam para Portugal, é descrito um pouco do trajeto, onde aparentemente foi tranquilo, mas com algumas tempestades. Depois fala um pouco sobre o nascimento da virgem dos lábios de mel, que tinha cabelos escuros e compridos. Iracema é uma guerreira da tribo tabajara, quando está saindo do banho com a companhia de sua amiga, se depara com um estranho. Elas ficam paradas o analisando e estão assustadas, então ela joga uma flecha que pega nele de raspão, ela percebe a mágoa em seu rosto e pede desculpas, quebrando sua flecha e entregando-o a haste e ficando com a ponta farpada e deseja boas-vindas à ele.
            Iracema leva Martim (filho de guerreiro) até a cabana de Araquém, onde é recebido com hospitalidade. O pajé deixa seus guerreiros e as mulheres da tribo à disposição do estrangeiro, para protegê-lo e servi-lo. Para mostrar confiança conta que é amigo dos pitiguaras, inimigos dos tabajaras e mesmo assim ele é considerado bem-vindo na tribo. Quando o pajé sai da cabana, Iracema chega com as mulheres da tribo para servir ao filho guerreiro e ele recusa as mulheres, falando que só quer a Iracema, porém ela já está comprometida com outro. Chateado, ele saiu da cabana, saindo, conseguiu ver alguns rituais indígenas e quando estava perto da floresta, aparece Iracema que não o deixa ir embora. E eles voltam para a cabana e dormem. No outro dia, os nativos conversam sobre uma guerra que pode acontecer e soltam o grito de guerra contra os potiguaras e Irapuã fica com cólera. Bate a nostalgia em Martim, o que faz com que este reflita sobre o lugar que veio e sobre as pessoas que deixou para trás. A virgem dos lábios de mel fica triste ao vê-lo assim e o leva no bosque sagrado da jurema, onde lá ele toma um licor estranho. Quando bebe sonha com Iracema e eles se beijam rapidamente, mas ela se afasta. Irapuã pega a virgem com o estrangeiro no bosque, que era proibido e só pessoas com autorização poderiam entrar, o ciúmes toma conta do prometido dela e ele ameaça matar o filho de guerra. Disse que quem ousasse possuir Iracema morreria, com isso, Martim deveria partir com seu irmão.
            Irapuã encontra os fugitivos e Iracema está no meio, começa um combate entre os tabajaras e os pitiguaras. Neste combate, Iracema pede a Martim que não mate Caubi, seu irmão, e salva a vida do estrangeiro. Os tabajaras vão embora, deixando Iracema triste e com vergonha. Então Iracema, Martim e Pote vão para o território Pitiguara, fazendo antes de morrer uma profecia. Iracema engravida e acompanhada de Poti pinta o corpo de Martim, que passa a ser Coatiabo, que ainda assim continua tendo saudades da pátria.
      Poti e Martim ficam sabendo da aliança dos franceses com os tabajaras e então partem para a guerra, deixando Iracema sozinha, com isso, a virgem tem uma visão que sua morte será com o nascimento do seu filho. Eles saem vitoriosos, porém, enquanto estavam fora ela teve seu filho, que o chamou de Moacir, filho da dor. Quando acordou se deparou com seu irmão que admirou a criança, e perdoou sua irmã. A criança estava conseguindo viver, mas a mãe ficava cada vez mais fraca, estava tão fraca que quando o pai chegou só teve forças para erguer os braços e apresentar o filho ao pai e então faleceu. O sofrimento do esposo foi grande, porque perdeu seu amor. O lugar onde ela foi enterrada foi chamado de Ceará.         
     Quatro anos depois Martim e Moacir voltaram para o Ceará, implantando a fé cristã. Poti virou cristão e continuou com sua fidelidade ao amigo. Às vezes, o filho guerreiro visitava o local onde foi muito feliz e morria de saudades e ficava cantando perto do coqueiro onde sua amada foi enterrada.
     Com essa história podemos concluir que Iracema deixou seu costumo, sua tribo, sua religião para ir atrás de Martim, mostrando a submissão que os nativos tinham pelos colonizadores portugueses.
     Atualmente e principalmente no nordeste do país, as pessoas acreditam que esta história realmente existiu, tanto que possui uma estátua da jovem Iracema em Fortaleza.
     Em Iracema ocorre um excesso de comparações, repetição de certas imagens, desalinho no estilo dos últimos capítulos, possuí metáfora e seu romance é considerado mais bem estruturado sobre o ponto de vista estético. O argumento histórico utilizado foi à colonização do Ceará. Com a obra se inaugura o mito heroico da pátria. 
     Iracema é sempre comparada com elementos da fauna e da flora, sendo assemelhada às heroínas românticas europeias. No romantismo europeu, Iracema era chamada de mulher-anjo.
     José de Alencar foi um importando autor do movimento romântico, onde se destacou em outras gerações do romantismo, mas a que ele mais se destacou foi o indianismo, duas obras suas de maior importância nesta primeira geração são O guarani e Iracema.

    Diferentemente do que ocorre nos outros romances de José de Alencar, como O guarani, o enredo de Iracema é aberto a interpretações. No prólogo deste livro, ele menciona que Gonçalves Dias era como um poeta nacional por excelência. E então ele começa a criticar os textos feitos, falando que o conhecimento da língua indígena é o melhor critério para a nacionalidade da literatura e a partir disso que deve sair o verdadeiro poema nacional, mas os escritores consideravam que a língua deles enfenharia os seus poemas ou prosas. Por isso, ele é considerado um exemplo do nacionalismo ufanista e indianista. 
José de Alencar 

     José de Alencar é um dos principais autores do indianismo, ele foi romancista, dramaturgo, jornalista e político brasileiro. Viveu a maior parte de sua vida no Rio de Janeiro. foi eleito várias vezes deputado, e chegou a ocupar o cargo de ministro da justiça. 
    Em seu livro, O Guarani, José escrevia movido por um sentimento patriota. Ele deixava em evidência a maneira de sentir e pensar tipicamente brasileira.
O livro O Guarani fala sobre o amor entre um índio (Peri) e uma filha de um português (Ceci). Peri possui características de um herói europeu, ele é retratado como bom, livre e feliz, o que era de acordo com a filosofia de Rousseau, que foi uma figura de transição do Iluminismo, considerado precursor do Romantismo.
De acordo com a filosofia de Rousseau, o ser humano em estado de natureza vivia isolado, livre, feliz, guiado por bons sentimentos e em harmonia com seu habitat natural era chamado o bom selvagem e essa condição teria se modificado apenas no momento em que alguém cercou um terreno e disse que era seu causando revolta nos habitantes do local, corrompendo o homem. Que é contrária a versão do filósofo absolutista Hobbes, que  pressupôs que os seres humanos são maus por natureza e não são naturalmente sociais, supôs que no princípio teriam vivido isolados e em luta permanente por interesses individuais. Como não havia sociedade organizada, eles faziam o que podiam para se proteger , era uma guerra de todos contra todos em que "o homem ´ o lobo do próprio homem"
     O Romantismo também influenciou a arte. Na arte plástica, os trabalhos com temática indianista surgiram com certo atraso em relação à literatura, porém, apresentava os mesmos traços de idealizar o compromisso com o projeto de construir uma identidade cultural brasileira, mas apresentaram algumas diferenças na pintura e na escultura, onde elas tendem a fugir do caráter heróico e cheio de movimento que a literatura prezava. 
A. Rodigues Duarte, Exéquias de Atalá
     As características formais dos românticos da Escola Imperial de Belas Artes deram ênfase à expressividade da luz, ao traço orgânico e as cores vibrantes que enalteciam o sentimento apaixonado de uma estética oposta à precisão e nitidez fria e exemplar do neoclássico. O paradigma da emoção sobre a razão valorizou ainda a beleza da mulher indígena, aspectos religiosos e morais, a bravura e pureza da alma humana.
     Os artistas privilegiaram os episódios e o tratamento lírico trágico do tema, bem romântico, tanto que os índios são representados em situações trágicas (mortos ou afogando-se em lágrimas), em consequência da sedução amorosa ou de batalhas. Os índios em sua maioria eram representados como portugueses.
    Já as esculturas são alegorias, sendo que no trabalho de Chaves Pinheiro a identificação entre o Brasil e o índio é explícita, e dessa identificação podemos captar as características tradicionais do índio romântico: forte, robusto, viril, sereno, tranquilo e bonito. 
    O primeiro documento em que aparece a imagem do índio brasileiro é o livro acompanhado de ilustrações Viagens e Aventuras no Brasil, escrito por Hans Staden em 1557.








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